segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

So(u)mos

Sou o perdão no coração puro,
Sou o ódio em cada linha
Sou o rap mais sujo.
Sou amor colhido,
Mágoa reprimida,
Sou um gole de vinho,
E a ressaca da manhã mais linda.

Sou a revolta do Cangaço,
A dor no seu baço,
Sou o traço mais firme que sai do seu abraço.

Sou a angústia da saudade,
A emoção da volta,
A hora de partir,
E a esperança morta.

Sou amor de verão,
Sou calor no coração,
Sou a bala alojada
Quando faz tudo em vão.

Sou dúvida pra quem tem medo,
Sou vontade pro que anseio,
Sou a perdição que vai de encontro ao seio.

Sou inteiro não meio,
Sou meio confuso,
Sou a máscara da vingança,
A voz do excluso.

Sou cafuso, criolo,
Oriental, americano,
Racional, animal,
O tédio do cotidiano.

Sou apogeu, fuga de quem deve,
A permanência da descendência,
Ao Mestre que tu serve.

Sou plebe, sou nobre,
Sou dinheiro, sou pobre,
Sou espírito vagando,
Sou jovem se drogando.

Sou polícia amedrontando,
Sou Black Block, Black Power Hair,
Sou o estado disfarçado,
De bereta com seu affair.

Sou justiça,
Sou a faca que te fere,
Sou o dom da dádiva,
Sou coisa de pele.

Sou poesia de Vaz,
Sou amante da paz,
Sou a guerra por direito,
Sou a fissura no leito.

Sou leitor,
Lendo as pessoas,
E meio louco,
conversando com histórias boas.

Sou verdade, sou omissão,
Sou o olhar de leão,
Sou a fome que abriga
Vários na imensidão.

Sou infinito,
Sou momento,
Sou minuto
Que não perde tempo.

Sou lamento,
Sou a graça,
Sou sustento
E a desgraça
Sou fartura e a falta,
Sou humano,
E máquina.

Sou a vida,
Sou só eu,
O breu que te afoga,
Sou você, a gratidão que dobra.

Somos um só nesse ninho de (s)cobras...


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